Assim como as aulas e reuniões de trabalho a distância, as consultas médicas também migraram para o virtual por meio da telemedicina. Com quase dois anos de pandemia e novas variantes, 49% dos médicos afirmam que usam a tecnologia para consultas, orientações, monitoramentos ou para a teleinterconsulta. No entanto, 51% dos profissionais optam por não usar a telemedicina. Os dados são de uma pesquisa realizada pela Associação Paulista de Medicina e Associação Médica Brasileira. Além da pressão de alguns grupos contra o método, o presidente da Comissão de Saúde Digital da AMB, Antonio Carlos Endrigo, explica que há muito receio em relação à segurança da informação. “Em uma consulta médica existe uma relação muito íntima do médico com o paciente, uma troca de informações que homens, mulheres e adolescentes não falam para a sua família. Muitos médicos têm ideias equivocadas por uma mensagem errada que alguns grupos têm passado. A telemedicina não vai ser a primeira opção de atendimento do médico com seu paciente, mas deve ser utilizada de maneira complementar.”
A telemedicina já vinha sendo discutida antes da pandemia e o isolamento social antecipou a adoção do método. Para os médicos, no entanto, a experiência dos últimos dois anos evidenciou a necessidade de discussão com a categoria. Para Antonio Carlos Endrigo, a autonomia para decidir se a consulta será retomada e a territorialidade ainda são pontos que devem avançar. “Quando ele toma a decisão de fazer a consulta remota, ele está assumindo uma responsabilidade. Se ele cometer um erro, vai responder por aquilo. Se sentir inseguro de fazer um primeiro atendimento remoto, ele não faz”, pontua. Atualmente, há mais de 20 textos em tramitação na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. A Associação Paulista de Medicina e a Associação Médica Brasileira esperam que o tema avance ao longo do ano e o Brasil encerre 2022 com a regulamentação da telemedicina.
*Com informações da repórter Nanny Cox