Depois de três anos envolvido no processo de transição do gênero feminino para o masculino, o mariliense Lucca Amorim, de 19 anos, fez uma cirurgia para a retirada dos seios. O procedimento conhecido como mastectomia foi realizado nesta quinta-feira (3), às 21h, em um hospital particular em São Paulo.
A operação faz parte do processo de redesignação de gênero de Lucca, que desde a adolescência se reconhece e se identifica como homem.
O jovem fez uma campanha de arrecadação nas redes sociais para conseguir o dinheiro necessário para a cirurgia e arrecadou apenas uma parcela do valor, cerca de R$ 800, já que um procedimento desse tipo não sai por menos de R$ 10 mil.
O restante foi custeado com economias do trabalho – ele atua como auxiliar administrativo, e a própria família o apoiou em sua transição.
O procedimento varia de duas a quatro horas. No caso de Lucca, sua cirurgia demorou 2h30. Ele permanecerá na Capital durante três semanas até receber alta hospitalar.
“Minha expectativa para agora é ser quem sempre eu quis ser. Me olhar no espelho e ver da forma como eu era por dentro. Como eu me via na minha cabeça. Quero ser livre para trabalhar em qualquer área. Poder usar a roupa que eu quiser sem preocupação”, disse Lucca.
Há um ano e oito meses tomando hormônios, o jovem sentia muita dificuldade e até limitações pelo uso do binder, faixa de compressão utilizada para esconder os seios.
“Antes eu não podia usar determinados estilos de camisetas porque marcavam meu corpo, inclusive camisetas brancas. Usava uma faixa apertada que me limitava. Causava dores nas costas e falta de ar. E se eu não usasse poderia ser pior porque a gente acaba correndo risco de vida. Não é todo mundo que entende. As pessoas não me enxergam com os mesmos olhos que minha família me vê”, afirmou.
Confusão
A falta de informação gera muitas dúvidas em relação ao gênero e à orientação sexual das pessoas. O caso de Lucca Amorim é um exemplo de uma pessoa olhar para o espelho e não se identificar com aquilo que vê.
Esse é o sentimento dos chamados transgêneros, ou seja, pessoas que não se identificam com o sexo biológico atribuído a elas desde o nascimento. É como se tivessem “nascido no corpo errado”.
Em relação à orientação sexual, trata-se do gênero pelo qual a pessoa desenvolve atração sexual e laços românticos durante a vida.
Fonte: D Marília